Correndo o risco de ser tachada de eco-chata e não estar nem aí pra isso, falarei de novo sobre o lixo nosso de cada dia.
Pretendo não só entediar vocês como fazê-los atentar para o fato de que a gente pode fazer muito mais do que só olhar a montanha de lixo que produzimos a cada minuto soterrar o futuro da Terra.
É bem pouco mas essencial o que podemos fazer individualmente, nem que seja só pra ficar com a consciência tranqüila ou plantar um pouco de solidariedade em nossos corações endurecidos pela falta da mesma.
Eis então o que eu tenho feito e que acredito, todo e qualquer reles mortal possa fazer também:
Reutilizar:
desde garrafas pet até potes de vidro e plástico, latas de achocolatado em pó, cereais, leite em pó e similares, café solúvel, preparados para capuccino, a lista parece não ter fim. É incrível a quantidade de embalagens duráveis que jogamos fora. Basta lavar e secar bem que praticamente todas voltam a ter utilidade depois de esvaziado seu recheio consumível. Se você é refinado demais para isso e/ou tem louças caras e bonitas demais para combinar com o reaproveitamento, doe tais materiais para entidades ou pessoas que os aproveitam em artesanato, por exemplo.
Reduzir:
Isopor é um dos grandes vilões da natureza. Evite comprar embutidos em bandejas de isopor ou similares. Prefira os embalados só no plástico ou a vácuo. Outra boa dica é reduzir o número de sacolas plásticas que se leva de um supermercado. Na China elas já foram proibidas, sabiam? Sei que muita gente usa destas sacolas para forrar suas latas de lixo, evitando assim de comprar sacos plásticos para lixo; louvável. Mas acontece que sempre sobra. Então alterne: num mês leve as compras para casa nas tais sacolas, no próximo mês em um carrinho de feira ou sacola de pano, (à venda em alguns grandes mercados, próprias para isto), ou naquelas sacolas de feira também.
Reciclar:
Acredito que o brasieliro ainda resita muito a recilclar seu próprio lixo por não gostar de separar todos os materiais que podem ser reciclados. Ok, admito que dá mesmo muito trabalho separar um por um, em espaços individuais. Uma coisa que aprendi com uma amiga e que é uma mão na roda: plástico, isopor, embalagens longa vida, alumínio e latas quaisquer (de molhos, milho verde, essas coisas) podem ser descartados numa mesma lixeira. São materiais que não se misturam e podem ser facilmente separados pelas entidades/pessoas que reciclam e fazem disso seu sustento. Já papel e papelão têm mesmo de ser descartados em uma lixeira diferente desta primeira. Depois, todo e qualquer lixo orgânico em uma outra lixeira, ou em suas respectivas (restos de comida, comida estragada, filtros de café usados – se bem que conheço quem faça deles artesanato –, óleos etc, no lixo da cozinha; papel higiênico e similares na do banheiro, claro). Atentem para que óleos não só podem sim como devem ser descartados diretamente na lixeira da cozinha e não no ralo da pia. Não se preocupe com vazamentos: o resto do lixo ‘presente’ na lixeira da cozinha se encarrega de absorver o óleo ali descartado. Se descartado no ralo (indiretamente na água), o óleo contamina milhares de litros de água doce, uma perda irreparável nos dias de hoje. Se ainda assim soar estranho descartar o óleo usado diretamente na lixeira, guarde-o numa garrafa pet, até enchê-la, aí sim descarte a garrafa no lixo orgânico, evitando assim qualquer pequeno risco de vazamento do óleo em sua lixeira.
Colaborar:
Produtos feitos de materiais reciclado têm uma qualidade ótima, ao contrário da crença maior do brasileiro. Sou fã de papéis reciclados e grandes marcas já investiram nisso criando suas linhas de papelaria só de papel reciclado (adoro o A4 reciclado da Chamex). Sei de grandes empresas que só usam papel reciclado para informes ou qualquer documento impresso; um grande passo. É mais caro? Sim, por enquanto. Vale a lei da oferta e da procura, e quanto mais popular ficar, o produto reciclado vai baratear. Outro iniciativa ótima são as empresas que passam a respeitar os recursos que utilizam. A Melitta já disponibiliza no mercado o filtro de papel ecologicamente correto. É coisa de centavos mais caro que o ‘normal’ e faz um café delicioso (o filtro foi redesenhado para extrair melhor sabor do pó). E também há o supra citado neste: artesanato. Como já disse, sei de gente que faz artesanato até de filtro de café usado (fica parecendo argila; dá pra moldar vasos e peças decorativas maravilhosas) ou quem reaproveite embalagens de vidro e plástico para adornar com biscuit, com o maior carinho e zelo, criando peças únicas, úteis e muito bonitas.
Há muito a ser feito. Acredito que se cada um fizer sua parte, ainda podemos recuperar parte do grande estrago que já provocamos ao nosso único planeta.